Carolina 9






“Caro Sr. Filipe”

- Está muito formal? – Perguntou virando-se para Laura.
- Um bocadinho. Parece uma velha a falar. – Laura riu-se.
- Ok ...
Rita apagou o que escrevera e recomeçou:
- “Bom dia Filipe, é com muita alegria que recebo as suas notícias.”
Lia em voz alta à medida que escrevia.
- Não. – Interrompeu Laura, sem sequer levantar a cabeça do que estava a fazer.
- O que foi? – Rita estava a ficar aborrecida. – Ainda está muito formal?
- Não. Agora parece uma solteirona desesperada à espera de atenção.
- Sério? Então escreve tu, anda. – Fez cara de amuada, embora fosse um amuo que não sentia verdadeiramente
- Não, continua...- Laura riu-se.
Contrariada, apagou tudo mais uma vez e recomeçou:
- " Bom dia Filipe. É com agrado que recebi a sua resposta. Porém responder às suas questões, de uma forma honesta, é para mim complicado”
- Muito bem. - Elogiou Laura.
Rita sorriu e entusiasmada continuou.
- " Quando me pergunta quem sou, apenas lhe posso dizer que sou uma mulher comum com uma imaginação fora do comum, segundo me dizem e que escrevo desde que me lembro de ser gente. Quanto ao que espero de vós além da publicação do meu conto…”
Interrompeu a escrita e virou-se de novo para Laura:
- O que é que eu escrevo agora? Eu não quero mais nada do que isso.
- Mas não é o que tu queres, é o que a tua amiga quer…- Lembras-te?
- Pois é.  Mas o que é que ela quer? Ela nem sonha com isto...
- Então foge à pergunta. - Aconselhou Laura sempre prática.
- Achas? - Rita não tinha bem a certeza de que isso fosse o correto, ou o melhor a fazer…
- Se não lhe queres perguntar, ou inventas ou foges...
Rita levantou-se, recomeçou a andar para organizar os pensamentos e as dúvidas que lhe vinham em turbilhão.
- Pronto. Já recomeçou o andarilho. ó mulher senta-te e foge à pergunta. Envia o raio do mail e não penses mais nisso.
Rita olhou-a. Como gostaria de ser como ela que sabia sempre o que fazer e o que dizer. Ainda bem que a tinha por perto.
A ela e ao marido. E às amigas…
Um dia haveria de ser como eles, mas por enquanto…
Por enquanto teria de ajudar a Carolina que tanta sensatez não a levaram a lado nenhum…
Foi até ao computador e escreveu de uma rajada.
- " Quanto ao que espero de vós, é uma opinião sincera acerca da qualidade dos meus textos e sugestões para algo que precise de corrigir e melhorar. "
- Ora vês como tu sabes?
- Nem vou pensar mais nisto.
E clicando na opção " responder" - Rita enviou o mail.
- Já está.  Agora seja o que Deus quiser.

Os colegas de Carolina, entretanto chegaram.
- Bom dia, alegria- disse o Gabriel.
- Bons dias- disse a Sofia.  - Já de volta do Afonso?
- Hum. Eu sempre disse que ela gostava dos Afonsos. Já com o outro foi a mesma coisa. – disse ele.
- Olá pessoas! - Carolina respondeu sorridente.
- Hoje estás especialmente bonita. – Gabriel elogiou-a com sinceridade.
Carolina corou, e mudou de assunto não deixando de lhe mostrar um sorriso tímido.








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