Carpe Diem


Carpe Diem

Carpe Diem, em sentido lato. aproveita a vida.
Eu sei que muito já foi dito acerca disto. Tantos já falaram, e tanta coisa foi escrita e descrita que nada do que eu aqui diga pode acrescentar algo de novo, mas mesmo assim eu resolvi partilhar esta reflexão, porque trata-se de uma experiência real, um sentimento vivido de perto, muito de perto e não algo contado por alguém, algures no espaço e no tempo e talvez por isso, por ser em primeira mão, faça mais sentido para alguém, ou talvez não…
Tenho um amigo, um grande amigo que passou por algo muito mau, algo que o marcou. Marcou-o  a ele e a mim que estive sempre ao seu lado e de certa forma vivi também o que a ele lhe aconteceu, pois também perdi um pedaço de mim ao perder aquela pessoa, e foi com autorização dele que partilho aqui as conclusões a que cheguei. Eu e não ele, porque as dele, cabe-lhe a ele guarda-las e a mim respeita-las.
Há pouco tempo esse meu amigo, perdeu o pai. Algumas semanas depois, sentados num banco de jardim, dizia-me ele com raiva e amargura e revolta e medo que perdera o pai estupidamente, por uma doença que ele não merecia pois nada fizera para a contrair, e o pai era uma das melhores pessoas que já existiram ao cimo da Terra. E eu concordei, porque era de facto uma verdade inquestionável.
- Sim eu sei que todas as perdas são estúpidas e que ninguém merece ficar doente, mas o meu pai não merecia mesmo- insistia ele.
- Não sei…- continuava.
- Não faço sentido, mas é do meu pai que falo e por isso não preciso de fazê-lo.
- Claro que não. – Apoiei-o eu, passando-lhe o braço pelos ombros. Ele sacudiu-me o braço de uma forma involuntária que me pôs a pensar.
 Ele já não era o mesmo. Não era o meu amigo, aquele homem sempre bem-disposto, forte e sempre pronto a ajudar, sempre com um conselho acertado na ponta da língua. Parecia ele, agia de alguma forma como ele, mas não era ele.  As diferenças eram mínimas, mas eu notava-as.
 Afastei-me um pouco, pensei que precisava do “espaço”, aquele “espaço” que se lê nos romances e de que tantos falam. Estava enganada. E ao aperceber-me disso, um dia fui ter com ele à saída do trabalho, puxei-o pelo braço e disse-lhe:
-  Agora vais contar-me o que se passa!
 E ele contou. Disse-me o seguinte:
-  Sabes. depois de passar por todo o processo doloroso que se segue após uma situação destas, após pensar e rever milhares de vezes a vida que levo e arrepender-me de coisas e tomar decisões, e ganhar força para seguir em frente, sou confrontado com a noticia que, talvez, assim por acaso, eu poderia ter a mesma coisa que o meu pai teve, poderia ter herdado dele,  e nada melhor do que fazer análises para tirar a limpo essa questão. – Os olhos estavam a olhar através de mim, como se falasse para alguém ausente.
- Caiu-me o mundo a meus pés. – continuou ele. - Literalmente.
- Quero fazê-las ou, não? Quero saber ou não? O que fazer no caso de uma notícia menos boa? O que fazer? Como andar? Fiquei sem saber caminhar. Sabes?- perguntava sem esperar obter resposta.
Não lhe respondi. O aperto que tinha na garganta impedia-me de fazer qualquer som, ou movimento.
- Sabes, saber que não temos todo o tempo do mundo pela frente é duro, muito duro. Mais do que qualquer palavra o consiga explicar. É algo que não nos sai da cabeça, algo que assusta e nos rouba o sorriso, a força, a vontade, o andar. E faz-nos pensar. Mesmo!!! Pela primeira vez na minha vida pensei, e pensei e pensei, sem conseguir chegar a nenhuma conclusão, nada fazia sentido. Todas as certezas que adquiri foram-se…
Não fui capaz de fazer outra coisa se não de o abraçar. Desta vez não recusou. Senti que de alguma forma o ajudei. Separámos-nos algum tempo depois e vi um vislumbre do meu amigo. Gostei.
Quando fiquei sozinha, eu pensei. Tentei por-me no lugar dele e pensar com ele, e pensei, depois de sair de ao pé dele, pensei à noite quando me deitei, pensei no dia seguinte, e no outro…
Muitos podem dizer, “blá, blá…” mais uma conversa maçadora. Ainda bem que o dizem, é sinal de que nunca sentiram a vida tremer. Eu também o diria há uns tempos.
Agora sinto que é importante dizer isto, é importante se não para alguém pelo menos para mim, dizer que aprendi duas coisas que quero aqui deixar:
1-     A vida é mesmo curta, e isto não é uma frase feita, é um facto o qual devemos ter bem presente para chegarmos à conclusão de que não vale mesmo a pena perder um segundo dela com chatices menores, ou com coisa pouca.

2-     A vida é muito frágil, não a estraguemos com asneiras pois a fatura aparece sempre, mais cedo ou mais tarde.
Nada que já não saibamos, mas…

Por isso digo:

Carpe Diem!!!

PS: para os que estiverem interessadas as análises estavam boas.






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