Gonçalo

Gonçalo era um homem sonhador, apaixonado, inquieto e infeliz. Não porque lhe faltasse alguma coisa, nem sequer o amor. Era casado e amava a sua mulher, a sua família. Mas isso não bastava. Não era o suficiente para aquietar aquele coração, para preencher aquele vazio e então ele sonhava. Apaixonava-se constante, conquistava mas nunca concluía. Não porque não o quisesse. Ela apaixonava se de verdade e tinha vontade mas chegada a hora o amor que tinha pela mulher e os valores de decência falavam mais alto e ele parava. E assim andava, apaixonado, feliz e triste ao mesmo tempo. Foi então num dia comum que conheceu Clara, uma mulher simples por quem ele se apaixonou e lutou como tantas vezes o havia feito, só que desta vez foi diferente.  Clara fez lhe ver que ele tinha que optar por um dos caminhos. Esta dualidade não era boa para ninguém, e era especialmente má para ele. Ele tinha que se decidir por um caminho e uma vez iniciado o percurso, confiar e não olhar para trás. Gonçalo recusou a ideia. Como poderia ele escolher? Nascera assim e morreria assim. Ninguém manda no coração. Clara insistiu. “Só há um caminho” - dizia. “ Tens que escolher e caminhar. Assim como estás não sais do lugar “ - insistia. A luta foi longa mas finalmente Gonçalo escolheu. E caminhou . E foi feliz.